__________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ MUCABA ANGOLA C.CAÇ.2613: GUERRA SEM FIM

2007-09-07

GUERRA SEM FIM



Citando

“GUERRA SEM FIM “

Título de um trabalho publicado em» NOTÍCIAS MAGAZINE «15 de Julho de 2007 com Texto de Helena Mendonça, Fotografia Ricardo Meireles.

Caixa:
- Continuam em combate trinta anos após o fim da guerra colonial. À noite, são assolados pelas imagens de morte e chacina e, de dia, perpetuam o medo e a angústia. Vivem mal com eles próprios e com os outros. Uma equipa coordenada pela psicóloga Ângela Maia tentou saber quem são e como vivem hoje os ex-combatentes. Concluiu que, no mínimo trezentos mil homens poderão estar profundamente doentes e abandonados à sua sorte.

-As estatísticas dizem quase nada sobre as dores de alma de um ser humano, mas ajudam a entrar num universo de sofrimento que Portugal teima em ignorar três décadas depois do fim da guerra do Ultramar (1961-1974). Um estudo recente sobre um grupo de 350 ex-combatentes mostra que 38 por cento têm sintomas da chamada perturbação de stress pós-traumático (PTSD), uma taxa que nem o pós guerra do Vietname registou. Se é verdade, como apontam as estimativas, que um milhão de soldados esteve
nas guerras de Angola, Guiné e Moçambique e que dez mil morreram em combate, então, feitas as contas, serão cerca de 400 mil os homens neste momento expostos à doença. O dobro do esperado pela psicóloga Ângela Maia e muito mais do que a estimativa de 140 mil avançada pelos estudos do psiquiatra Afonso de Albuquerque. «Diria, sendo conservadora, que neste momento serão 300 mil os homens em situação de risco»

- Mais adiante

Mas a triste história dos homens que regressaram com vida de guerras por vezes tão ou mais marcantes do que a guerra do Vietname não se ficam pelos pesadelos e recordações do horror, alucinações ou o medo constante. As repercussões físicas são inevitáveis: 65 por cento relatam doenças do sistema nervoso, 41 por cento têm problemas gastrointestinais e 38 por cento sofrem do coração. Mais de 40 por cento reconhecem beber álcool em excesso para enfrentar o mal-estar...

- Mais adiante

«Estude-nos depressa doutora»
«Porque é que ainda não morri?» A interrogação, repetida mostra o fardo insuportável que estes homens carregam sem descanso nem fim à vista. O certo é que eles morrem mais do que os outros. Estudos nos E.U.A. revelaram uma probabilidade de morte cinco vezes maior entre os ex-combatentes, devido a suicídio, brigas comportamentos violentos consumos excessivos de álcool e acidentes vários. Embora se desconheça a realidade portuguesa, o apelo dirigido a Ângela Maia por um dirigente de uma associação de ex-combatentes - «estude-nos depressa doutora» patenteia a percepção de uma esperança de vida encurtada.A violência, a raiva, a revolta, a impulsividade, são sintomas da enorme pressão em que vivem. E as famílias as maiores vítimas. Aliás 37 por cento dos entrevistados admitem práticas de violência conjugal, do insulto à agressão, até partir objectos intencionalmente.


- Mais adiante -


O que fez até agora o Estado para tratar, ou pelo menos, minimizar o drama destas famílias? Quase nada com efeito real no corpo e na mente destes doentes. Em 1999 o governo publicou uma lei que declara a PTSD uma causa de deficiência. Anunciava-se a criação de uma «rede nacional de apoio» que desse resposta clínica e económica aos afectados. Oito anos depois, a tão propalada medida continua a não chegar aos que precisam.

À revolta provocada pela dor das memórias junta-se a raiva pelo abandono a que se sentem votados. Uns manifestam-se com o silêncio e o isolamento. Outros gritam sempre que podem o seu sofrimento, como o fazem nos estudos de Ângela Maia.

Uma nota final que a psicóloga insiste em transmitir: em todos os estudos a equipa de investigação tem a preocupação ética de encaminhar para os serviços competentes os homens que aceitam trazer à tona da memória os acontecimentos vividos, podendo com isso agravar o seu estado de saúde.«


Citei excertos de um estudo efectuado com ex-combatentes, por:

Ângela Maia (cordenadora)

Maria da Graça Alves

Eugênia Maria Fernandes

Marlene Pais da Silva

Filipa Felgueiras

Ana Margarida Mauricio

Mónica Lopes Fernandes
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1 Comments:

Blogger MAH-TRETAS said...

Devemos continuar a denunciar o comportamento dos governos que pouco ou nada tem feito relativo aos ex combatentes, em vários sites este problema é focado mas quanto mais maior será a divulgação de uma causa justa que os vários governos teiman en esquecer.

obrigado

11:32 da manhã  

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